Pouco mais de quatro meses após assumir a diretoria geral da ArcelorMittal BioFlorestas, o engenheiro metalurgista, Mauricio Dias Bicalho, já tem na ponta da língua os desafios que o esperam durante sua gestão. Há 28 anos no grupo ArcelorMittal, com passagens pela BMB, BBA, Acindar, na Argentina, e na própria BioFlorestas, em que foi diretor de operações por um ano e meio, o executivo fala, nesta entrevista à Revista 1, sobre o futuro da companhia. Ele destaca projetos que estão alinhados ao que há de mais moderno no setor e as mais maduras práticas sustentáveis em todas as unidades.
O objetivo é manter a empresa como referência internacional de manejo ambiental e produção de combustível renovável, status que foi mais uma vez evidenciado na Conferência Rio +20, e atuar em consonância com os parâmetros ambientais e sociais que sempre orientaram a atuação da ArcelorMittal BioFlorestas.
Nesse período como diretor geral, o senhor já sabe como a empresa deve se posicionar diante do setor florestal e da siderurgia no país? Acredito que nossa missão principal é contribuir para a geração de resultados no setor. Temos que trabalhar para otimizar o uso de terras de que a empresa dispõe. Assim, é possível elevar a produção, reduzir custos e fazer com que as florestas mantenham um grau de produtividade que nos permita crescer e fornecer carvão vegetal suficiente para atender toda a demanda de gusa do grupo ArcelorMittal. O principal desafio nesse sentido é dar continuidade ao trabalho que já vem sendo desenvolvido, em que a operação é sempre acompanhada de cuidados sociais e ambientais.
A eficiência energética é uma preocupação da BioFlorestas, que vem trabalhando em parceria com a Cemig. Qual é o status desse projeto? Esse é um projeto de 36 meses e estamos na metade do caminho. Ele consiste na geração de energia elétrica a partir da queima dos gases eliminados no processo de carbonização da madeira. Neste próximo um ano e meio vamos construir o primeiro protótipo, colocá-lo em prática e depois estendê-lo aos demais fornos.
A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Cemig, permitirá o abastecimento das nossas unidades com energia produzida por esse processo. O potencial de geração de energia elétrica supera o montante consumido pela BioFlorestas, o que viabilizaria também a venda do excedente para a concessionária, gerando uma rentabilidade extra para a empresa. Além disso, ao queimar gases de combustão, também estamos contribuindo para reduzir a emissão de combustíveis na atmosfera.
Enfim, é um projeto inovador e complexo que vai ao encontro da nossa proposta de empregar aspectos cada vez mais sustentáveis na produção de carvão vegetal.
Nessa linha, quais outras iniciativas estão em desenvolvimento? São várias. Todas com forte viés sustentável. Estamos trabalhando com um secador de madeira, que também usa o calor contido nesses gases de carbonização, com o objetivo de eliminar a água do material antes de ele entrar nos fornos. Ao mesmo tempo, desenvolvemos trocadores de calor para resfriar o próprio gás do forno durante o processo de resfriamento. Com isso, obtemos ganhos substanciais de eficiência térmica e de produção, reduzindo em até um terço a duração total do processo de produção do carvão, que normalmente levaria 12 dias. Na operação, outro destaque é o uso de um equipamento que lê a temperatura da parede dos fornos, garantindo melhor controle do processo de carbonização e da qualidade do carvão. Na mesma linha, temos em andamento estudos relativos ao tipo de forno e de barrelamento, que protege o equipamento contra o vazamento de ar e evita a deterioração do produto, com análises que nos ajudarão a melhorar a qualidade do produto e a otimizar custos.
A produção de carvão no Brasil é constantemente associada ao trabalho infantil e escravo. Que papel a empresa exerce no combate a essa prática? Esse é um assunto muito relevante. Além de signatários do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, hoje temos a produção do carvão totalmente mecanizada, desde a colheita até o carregamento. Não há mais trabalho pesado, e
sim, qualificado. Empresas de grande porte, como a nossa, têm de dar o exemplo e mostrar que é possível produzir carvão vegetal com pessoas treinadas e qualificadas. Nesse sentido, na área de colheita mecanizada, mantemos uma parceria com a Universidade Federal de Diamantina para treinar empregados, com simuladores que orientam questões de segurança, operação e pontos de atenção.
A ArcelorMittal BioFlorestas foi um dos destaques da Rio+20. Que fatores levam a empresa a ser considerada uma referência no setor? Primeiramente, temos uma abrangente área de florestas plantadas de eucalipto em Minas Gerais e no sul da Bahia, que sequestram CO2 da atmosfera e contribuem para a redução dos gases do efeito estufa. Além do impacto ambiental positivo que causamos, temos um conjunto expressivo de projetos sociais nas áreas onde atuamos, que chegam a 83 comunidades em 16 municípios. Além disso, assinamos, em abril, o Pacto de Sustentabilidade do Carvão Vegetal, que oficializa nosso compromisso de, em até quatro anos, abastecer 100% da cadeia de suprimentos do gusa, com carvão vegetal oriundo de florestas plantadas. É importante citar também dois grandes Centros de Educação Ambiental (Ceam), em Bom Despacho e Carbonita, e a forte parceria com o Parque Estadual do Rio Doce, onde assumimos uma das disciplinas do 7º ano das escolas da região, passando às crianças orientações sobre educação ambiental. Tudo isso nos coloca em uma posição de destaque.
Esse viés social e ambiental sempre foi uma marca da empresa. Como vocês trabalham para manter essa vocação? A nossa prioridade é muito clara: temos de produzir com responsabilidade e ajudar tanto a ArcelorMittal quanto as comunidades onde estamos presentes a se desenvolverem de forma sustentável. Além de justo, esse trabalho é muito gratificante. É muito bonito poder contribuir com algo que, de fato, faz diferença na vida das pessoas.
Para nós, atuar não é dar dinheiro. É participar. Levamos as pessoas para o teatro, para a escola, para treinamentos, para um mundo que muitas delas não conheciam. E isso se transforma em uma relação de parceria. A comunidade vê o trabalho que estamos fazendo e é nossa parceira. Não são poucas as vezes em que moradores ligam para a empresa para avisar sobre princípios de incêndios ou tentativas de roubo de madeira.
A valorização do empregado é uma das prioridades nas empresas do grupo ArcelorMittal.Que papel as pessoas desempenham na BioFlorestas? É impossível obter resultados sem elas. Uma pessoa motivada contribui para o crescimento da empresa. Na BioFlorestas, a nossa missão é acompanhar o desenvolvimento dos empregados e crescer como equipe, como colegas que buscam os mesmos objetivos. Creio que fazemos isso bem, como mostram os resultados da nossa pesquisa de clima. A empresa está no momento de usar todo o seu potencial. Precisamos demonstrar à sociedade a importância de uma floresta plantada. Vamos trabalhar nisso, pois nosso futuro é muito promissor. Contamos com as pessoas ao nosso lado nessa caminhada.
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